Pedra do ′′Frade e a Freira′′
Dessa vez, meu objetivo (por que dessa vez fui sozinho) era escalar famosa "Pedra do Frade e da Freira", conhecido patrimônio natural do Estado do Espírito Santo e do Brasil. No entanto, sem qualquer equipamento de escalada ou segurança.
A trilha se inicia à margem da BR 101 no Município de Itapemirim numa boa estrada de terra que já começa a subir desde o seu início. Parti numa tarde de sol forte, sem uma nuvem no céu e temperatura de aproximadamente 35 graus, mas com roupas apropriadas. De toda a estrada, que é sempre ladeada por íngremes descidas, onde, sair dela significa cair morro a baixo, tem-se uma vista espetacular dos morros menores, plantações e pastos, a kilômetros de distância.
No caminho uma surpresa: Uma raposa de médio porte apareceu em meio ao bananal que predomina em parte da trilha e fitou-me por alguns segundos. Minha reação foi a de qualquer pessoa do séc. XXI, pegar o celular para tirar uma foto! Mas não deu tempo. Ela rapidamente desapareceu em meio à ``floresta de bananas``.
Em aproximadamente 40 minutos cheguei à "Pedra" propriamente dita, passando antes por um trecho de mata bem fechado, onde é preciso se esquivar de alguns galhos e troncos de árvores.
A Pedra começa por uma ``mesa`` onde se chega até o ``corpo`` do Frade, daí em diante, tomo a liberdade de classificar a pedra em quatro estágios de inclinação:
1- coluna lombar do Frade,
2- coluna dorsal do Frade,
3- coluna cervical do Frade,
4- cabeça do Frade.
A chamada ``coluna lombar`` do Frade é de uma inclinação considerada alta para se fazer sem o uso de cordas presas aos ganchos fixados no chão, cerca de 40 a 45 graus. Subi já com o coração na boca e lembrando que não deixei testamento pronto.
Na coluna dorsal do Frade, após passar por um ``matinho`` repleto de camaleões criados, a inclinação é de cerca de 55 a 60 graus, onde já é impossível subir em pé sem o uso de equipamento de segurança. Como bom trilheiro, observei a natureza, e os camaleões que ali estavam me mostraram como se faz. Abaixei na pedra e, usando as mãos e os pés, fui com o corpo bem rente ao chão, como um camaleão, subindo bem devagar. Ao chegar ao fim da coluna dorsal do Frade, virei de costas, e deitado na pedra pensei, não dá mais.
A coluna cervical do Frade possui uma inclinação de aproximadamente 70 graus e só tem um filete de pedra no meio onde se pode escalar. Qualquer escorregão é derradeiramente fatal.
Então, ali, abaixo do penúltimo estágio, foi o máximo que se pode chegar sem cordas de escalada. Absurdamente colado na pedra, suei frio para fazer fotos e vídeos dessa (no mínimo) loucura. A vista é mais do que recompensadora. A 683 metros de altitude foi possível ver o mar, as montanhas da Serra do Caparaó a oeste, inclusive o imponente Pico da Bandeira, do post anterior, e todo o resto num ângulo de quase 360 graus. Cheguei à conclusão que: EM ALGUNS CASOS A VIDA PODE SER BEM MAIS EMOCIONANTE, QUANDO SE BEIRA A MORTE!
Mas o pior ainda estava por vir: Os camaleões só me ensinaram a subir, não a descer!
Fui escorregando literalmente bem pelo meio do filete de pedra culminante e fui descendo de costas para ela como um homem-aranha invertido, procurando, sem achar, algum mato em que pudesse segurar caso caísse, mas só haviam cactos!
Enfim, consegui descer em segurança e fazer mais algumas fotos do sol se pondo sobre todo aquele imenso verde.
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Thiago HD
Maneiríssima essa trilha! Quando for no ES, vou me programar para fazê-la.