Circuito W - Torres del Paine - Chile
Em meados do ano passado, descobri o conhecido “mais bonito destino para a prática de trekking no mundo”, o Circuito W, localizado na Oitava Maravilha do Mundo, o Parque Nacional Torres del Paine. Após ver algumas fotos do local, estava decidido: eu iria completar o “W”! Mas, como quem anda sozinho é carteiro, convidei para a empreitada o meu amigo Pedro Magalhães, que de pronto aceitou o “desafio”.
Como todos sabem, a viagem começa bem antes do embarque, no planejamento do roteiro, compra das passagens, desenvolvimento das mais variadas planilhas e realização das reservas necessárias. Estas nós deixamos para realizar somente em dezembro, quando nos encontraríamos. Resultado: sufoco! Por todas as qualificações do destino ditas acima, ele é muito procurado, e só é possível completar o “W” após as reservas dos refúgios/campings dentro do parque. Quase não conseguimos, portanto, aqui vai a primeira dica: após decidir o destino e verificar disponibilidade de vôos, efetue as reservas no parque! Mas após efetuar as reservas junto às empresas administradoras dos refúgios, Vértice Patagônia e Fantástico Sur, estava tudo certo e embarcaríamos dia 05/02/18.
Na data prevista, embarcamos rumo à Punta Arenas, viagem cansativa que totalizou 24h, entre descolamento para o aeroporto, vôos, conexões e viagem via terrestre para Puerto Natales. No dia 09/02 rumamos em direção ao Parque Nacional TDP.
Iniciamos o trekking em Laguna Amarga, acampamos no Refúgio Torre Central e tivemos como primeira atração as torres que dão nome ao parque. A primeira trilha durou cerca de 3h (somente ida), começa em um terreno plano, mas logo ascende em direção às montanhas. Durante todo o trajeto a paisagem é deslumbrante, acostumado com a exuberância da nossa querida Mata Atlântica, observei uma certa pobreza de vida, porém, a grandiosidade das montanhas cobertas de neve e os lagos compensam a falta de mata e te dão a certeza de que você teve uma decisão certa. Ao completar a trilha e ficar frente a frente com as magníficas Torres del Paine, à beira do lago formado pelo degelo, cor azul “céu de brigadeiro”, você começa a compreender o porquê do título “La Octava Maravilla del Mundo”.
O segundo dia começa com aquele café da manhã que tenta espantar o frio patagonico, checkout e disposição. Nosso destino é o Refúgio y Área de Acampar Los Cuernos. Após, aproximadamente, um hora de caminhada, encontramos um grupo de brasileiros guiados pelo Will, que depois nos contou ser de Passa Quatro-MG, portanto, nosso vizinho, já que somos de Resende-RJ (No Fin del Mundo, se mora no estado vizinho, é vizinho). Nossos conterrâneos se depararam com um puma um minuto antes de nos encontrarmos, segundo eles, passamos ao lado e não vimos o animal (não é história de pescador, tudo foi registrado pelo Will). As pernas acusaram o cansaço da trilha do dia anterior, que tem a maior altimetria de todo o circuito, mas a companhia do Lago Nordernskjöld eliminava o cansaço - a não ser nas subidas, aí não tinha lago que desse jeito. Chegamos ao Los Cuernos, comemos e montamos a barraca aos pés da montanha. Com a chegada do grupo “brasileño”, nos reencontramos com o Will e decidimos ver o pôr do sol, às cerca de 22:20h.
O terceiro dia tinha como destino inicial o Mirador Francês e, posteriormente, o Refúgio Paine Grande. Durante a caminhada, encontramos um grupo que se dirigiu a nós falando espanhol, com uma câmera que eles tinham achado na mão, que continha fotos de um puma. Adivinha. O grupo era brasileiro e havia encontrado a câmera do Will. Falamos que conhecíamos o dono e nos prontificamos a entregar à ele, o que foi feito. Após algum tempo, chegamos à Guardería Italiano, local para deixar a cargueira, pegar a mochila de ataque e rumar em direção ao Morador Francês. Mais uma vez, paisagens esplêndidas, acompanhadas de avalanches que produziam um ruído semelhante a trovões. Era hora de ir para o Refúgio Paine Grande. No caminho, pudemos experimentar, pela primeira vez de forma intensa, o famoso vento patagônico. E olha… não é brincadeira não, quando está contra, desanima, quando bate de lado, quase te derruba. Chegamos ao mais estruturado Refúgio de todo “W”, o Paine Grande. Lá, conhecemos o Tatsuro Iwasaki e sua esposa, dois japoneses gente boa e fãs do Zico (o que não é de se estranhar, em se tratando do Mito Rei Arthur), clubismo à parte, nos proporcionaram uma harmoniosa e divertida companhia.
O quarto e último dia tinha como destino o Glaciar Grey. Sinceramente, de todos os dias a trilha com menos atrativos e, ouso dizer, mais sem graça até o destino é essa. Alguns lagos, a esperança de encontrar o puma que havíamos perdido outro dia e a expectativa de avistar o Glaciar nos motivavam. Após cerca de 40 minutos caminhando, chegamos ao Mirador Grey, de onde pudemos observar a imponência, sentir a grandiosidade, o vento e frio vindos do maciço de gelo. Chegaram ao Mirador Tatsuro e sua esposa, tiramos fotos, brincamos bastante, trocamos contatos e nos despedimos. Estava acabando a “Missão Patagônia 1.0”. Com a aproximação do catamarã que nos levaria até a Entrada Pudeto, de onde partiríamos de volta a Puerto Natales, algumas certezas nós tínhamos. Dentre elas, a de que a Patagônia valeu a pena, os títulos concedidos ao parque eram justos e que as missões 2, 3 e 4.0 estariam na caderneta para uma realização futura.
O puma que nos aguarde, nós retornaremos!
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