O que você está pronto para deixar pra trás, pra que algo novo possa nascer em você?
Há momentos na vida em que seguimos por um caminho difícil, como uma trilha pesada e cheia de pedras. A mochila parece mais carregada, o fôlego curto, e os passos se tornam quase automáticos. Nessas horas, tudo o que conseguimos perceber é o peso nas costas e a dúvida se ainda vale a pena seguir. Mas quem já trilhou uma longa subida sabe: sempre existe uma curva onde tudo muda. É ali, depois da resistência, que um novo horizonte se revela. É assim também dentro da gente. Às vezes, basta mais um passo além da dor para que o recomeço comece a se mostrar.
O peso invisível que carregamos
Nem sempre percebemos, mas há dores que vamos guardando, culpas que acumulamos e medos que alimentamos sem querer. Eles se tornam parte da bagagem. Ficamos tão acostumados com esse peso que esquecemos que é possível deixá-lo pelo caminho. E assim seguimos, tentando avançar, mas afundando a cada passo. No caminho da montanha, aprendemos que o avanço verdadeiro exige leveza. Largar o que já não nos serve não é perda. É um ato de sabedoria e coragem. É a decisão consciente de preparar o terreno para um novo florescer.
A natureza ensina o tempo do recomeço
A natureza, com sua calma silenciosa, nos ensina diariamente sobre recomeço. Depois do inverno mais rigoroso, as árvores não correm para florescer. Elas esperam o tempo certo, o calor necessário, a água suficiente. E então, quando tudo está pronto, a vida brota com força renovada. Não existe pressa no processo natural da transformação. E nós, seres que também pertencemos à natureza, podemos confiar no nosso próprio tempo. Porque dentro de cada um existe um ciclo em movimento — mesmo quando parece tudo estagnado, existe vida se reorganizando por dentro.
Recomeçar é honrar a própria jornada
Recomeçar não é apagar o que passou. Não se trata de esquecer ou fingir que não houve dor. Pelo contrário. O verdadeiro recomeço nasce do acolhimento. Nasce quando reconhecemos nossa história, olhamos com compaixão para as partes que doeram, e ainda assim escolhemos continuar. Porque algo em nós sabe: a dor que atravessamos, mesmo doída, pode ser solo fértil para uma nova versão nossa nascer. Mais consciente. Mais leve. Mais verdadeira.
Feliz Páscoa!
A Páscoa, em sua essência simbólica, é justamente sobre isso. Não se limita a uma data no calendário ou a um ritual externo. Ela nos convida a olhar pra dentro e perceber que todo fim carrega um começo escondido. Que toda escuridão, por mais densa que pareça, é também anúncio de um novo amanhecer. Páscoa é sobre soltar o que já não floresce, acolher com respeito o que fomos e dar espaço para o que ainda podemos ser. Mesmo depois da noite mais longa, sempre haverá uma manhã onde algo dentro da gente decide florescer de novo.
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